Há corações que são terra calcinada, devastada pelos estios. Deixaram-se
secar com a falta de rega e não mais reconhecem o olhar jardineiro do
tempo. Querer tocá-los é arriscar pisar num jardim que não sabe mais
florir. Às vezes vale a pena ensiná-los a desaprender o abandono e
permitir que reverdeçam seus galhos secos; que renasçam as tulipas e as
orquídeas soterradas sob a aridez da descrença.
(Aíla Sampaio)
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