A porta se abriu com o golpe sibilante de um punhado de vento. Vento
vindo do lado Leste, atrevido e sem fronteiras. Deu passagem à luz, que
ao invadir o ambiente, fotografou a imagem triste de uma sombra, ha
muito morta e atirada a um canto de parede mofado.
Era a sombra de uma lembrança esquecida,
de um um momento desperzado.
Tocada
pela claridade, conseguiu se erguer, caminhou pelo quadrante... em seus
passos havia o repicar de um som mudo, de um caminhar vazio, um
caminhar que se estendia diante de um jardim colorido, cercado por raios
de sol.
E, a sombra se encolheu outra vez, sentia que um feixe
vinha às pressas; parecia não mais, um punhado de vento, chegava-lhe um
vendaval, seguia-lhe os passos no quadrante iluminado. Intensão
deliberada de arrancar todas as suas lembranças, trazendo-as para o olho
do redemoinho que se formaa no canto de parede. A sombra chorou ao ver
no filme de seus olhos uma estrada que ficou
para trás, se abrir num
zíper; escacarando as coisas boas do passado, que alí ficara escondido,
longe da luz.
(Jurandy FRança)
poema: A SOMBRA
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